terça-feira

Chicote

Há uns dias que olho para ele... pendurado na porta do armário. As pontas de cabedal rosa, o cabo, parecem chamar por mim, sedentos de pele, de gemidos, de dor...
Ao lado, a coleira igualmente rosa com a trela a condizer. Há tanto que não é usada por alguém que mereça tal privilégio.
És o meu cão, vais usá-la quando cá vieres. Ter-te a tratar-me da casa de coleira posta ao pescoço é tudo o que me apetece neste momento. As humilhações... estou seriamente a pensar ter cá uma amiga para te mostrar.
Talvez te compre uma gamela para beberes água... às vezes os cães gostam destes mimos. Tenho pena de ainda não ter o açaime, mas será para breve. Então aí sim, vais ficar delicioso. Vou ficar radiante quando te pisar a cara e ver o teu desespero quando tentares lamber-me os pés e tudo o que sentirás será o sabor quente do cabedal do açaime. O teu sofrimento dá-me tusa... atiça-me o lado sádico e maquiavélico.  Imagino a expressão dos teus olhos quando lentamente tiras as cuecas e me colocar por cima de ti, para te deixar ver o meu sexo molhado de tesão. Então descerei lentamente em direcção à tua cara para me roçar toda no açaime, que terás colocado na cara, e depois de me vir loucamente tiro-te o açaime e obrigo-te a lambê-lo todo para que sintas o sabor do meu prazer...do prazer que os teus olhos desesperados me dão!

Gostei

Não ando com disposição para essas coisas...tenho a cabeça ocupada de mais com outras coisas mais importantes,coisas que me consomem a mente e a alma, que me desgastam e me deixam sem forças para tudo o resto.

Estava de cabeça baixa, as mãos apoiavam-me o queixo e o olhar perdido no horizonte fizeram-te perceber que estava longe...muito longe daquela praia. O som das ondas ecoava na praia vazia, meia dúzia de gaivotas deixavam marcas das suas patinhas na areia húmida e eu olhava... o tempo passava lento e eu não voltava.
Quando se está longe não se dá pelo tempo a passar...é uma realidade que não tem tempo, não tem espaço. Só caibo eu dentro dela, tens que esperar por mim cá fora...as relações são assim e as pessoas também.
Voltei... reparaste que voltei quando te passei a mão no cabelo e os teus olhos sorriram de contentamento por me teres de novo. Entrelacei os meus dedos nos teus e afaguei a minha cara no teu pescoço. O teu cheiro inebria-me, hipnotiza-me, desperta em mim o lado selvagem que tantas vezes escondo. Inspiro profundamente e tento acalmar-me.
A praia continua deserta.
"Espera, não saias daqui. São só 2 minutos e eu volto já."

Agarrei-te no braço, obriguei-te a levantar e a seguir-me. Não tinhas outro remédio! Sem perceber o que estava a acontecer, seguiste-me sem fazer perguntas. Andamos uns metros e a praia continuava deserta, cada vez mais silenciosa e envolvente. Aquele fim de tarde de inverno estava mesmo propício à entrega espiritual de dois amantes.
Estendi a manta na areia húmida e entreguei-me a ti, em toda a essência do meu ser...

sexta-feira

Motivo



Não faz dez minutos que cheguei a casa.
Deixar-te assim pareceu-me a única coisa lógica e com sentido.
Esta noite, que era mais uma e que acabou por ser única. Não podia, não queria ficar contigo. Passar a noite, acordar e olhar-te deitado ao meu lado foi mais do que eu conseguia aguentar neste momento. Noutros tempos, olharia para ti e sem pensar grande coisa voltaria a adormecer.


A cama enorme parece-me agora um lugar apertado. Falta-me o ar com as janelas abertas, o cigarro não me acalma,mas que raio estou eu aqui a fazer???
É de mais, não aguento isto. Está tudo tão no inicio e ao mesmo tempo tão no fim.
Olho para ti, estás calmo e tranquilo. Ia jurar que te vi esboçar um sorriso agora mesmo! Afinal não...
Sento-me na cama e miro-te mais uma vez...e outra e outra e outra.
Definitivamente a cama é pequena de mais para nós dois, ou melhor, a casa é pequena de mais para tanta gente que somos...tu e eu.
Esgueiro-me pelos lençóis. Não te quero acordar. Por favor continua a dormir...é mais fácil se estiveres a dormir, se não deres pela minha falta.
Bolas, acordaste!
Não te consigo responder a esta hora, é tarde e tenho frio.
O sexo foi bom...o sexo foi óptimo. Gosto muito de ti mas tenho que ir.
O teu olhar transformou-se...ficou triste e vazio. O teu sorriso fechou-se e saltaste da cama bruscamente.Não percebes...não queres perceber. Ficar é como voltar a viver tudo outra vez! As tardes sem uma única palavra trocar, as conversas com outros menos um com o outro, as futilidades do dia-a-dia que não interessam a que tem tanto fogo dentro de si.
Dou por mim já vestida. A saia travada que estava impecavelmente passada está agora toda amarrotada,a camisa...coitada, só tem um botão. (Foda-se onde é que estão os botões???) As cuecas, bem...essas ficaram pelo caminho, devem estar algures no carro. As meias, ainda bem que eram de liga, pelo menos essas resistiram à batalha!
Falta-me um sapato! Escolhi-os porque sei que os adoras...de verniz pretos com um lacinho à frente, salto alto...
As nossas taras fundem-se e confundem-se. Definitivamente que o teu prazer junto com o meu dá uma coisa explosiva...tão explosiva que ainda não encontrei os botões todos da camisa e já revirei o quarto e a sala!

Quando me virei tinhas o sapato na mão. Calçaste-mo com delicadeza. Disseste que entendias, que não ias perguntar nada.
És de mais para mim e eu sou de mais para ti.
O teu amor sufoca-me, o meu amor sufoca-me... Saber que me queres e eu querer-te tanto a ponto de doer não é bom para nenhum de nós.
O teu olhar desolado apaixona-me...
Talvez seja por isso que vou voltar.
Para te abraçar,adormecer nos teus braços e amar-te! Amar-te enquanto me quiseres, amar-te até não conseguir mais, até deixares de me apaixonar...com o teu olhar, com o teu beijo, o teu toque e as tuas carícias. As gargalhadas que dás nos momentos mais imprevisíveis e inapropriados.
Olha para mim...sorri.
Eu amo-te esta noite, amo-te todas as noites que estivermos juntos, mas não me peças mais que
isso. Sou tua e tu és meu...nestes momentos! Quando amanhecer seremos de outro alguém...ou de ninguém. Agora...o que conta é agora, é o momento! O nosso momento!
Olha para mim.
És meu. Sou tua. Só por hoje. Só agora...

quinta-feira

Fode-me!

Adoras quando te digo ao ouvido:"Fode-me!"
Sento-me em cima de ti e sinto-te duro,cheio de vontade de me possuir, de me ter só para ti.
As tuas mãos fortes agarram-me as nádegas,
e num movimento brusco puxas-me até à boca...a tua língua quente e húmida na parte interior das coxas deixa-me doida.
Pego-te pelo cabelo e, com força, obrigo-te a lamber-me o sexo. Apetece-me coçar toda em ti, vir-me na tua boca, fazer-te lamber tudo, até à ultima gota! Quero resistir...Tenho que resistir!
O reboliço da tua língua faz-me desejar mais...muito mais. As tuas mãos fortes nas minhas nádegas ajudam no movimento de vai-vem enquanto escorro toda na tua cara.
Páro-te!
Vou descendo lentamente... estás duro...louco por me ter!
Sentes o meu sexo a fazer pressão no teu. Não é hora de me penetrares embora já te
sinta escorrer e o teu tesão seja bem visivel. Desço mais um pouco...sentes o cabelo roçar-te no peito, na barriga e, assim sem mais nem menos, uma leve dentada na coxa faz-te perceber o que quero. Conduzes-me a cabeça pelo teu corpo e sentes a saliva desejar o caminho. Lentamente percorro-te os braços com as mãos suadas e, num ápice, prendo-tas bruscamente contra o colchão. Nem imaginas o que te espera. Subo até ti e beijo-te apaixonadamente. Sem que dês conta, algemo-te as mãos à cama! Estás à minha mercê...
Olhas-me nos olhos e vês o meu sorriso de gozo e prazer. Ter-te assim indefeso deixa-me marota...
Por baixo da almofada, aparece um lenço...vendo-te os olhos com eles.
Agora sim! Estás como eu quero...
Uma sensação quente percorre-te a pele...a cera da vela cai-te no peito e vais-te contorcendo de prazer. Sabes que isso me deixa louca e para me atiçares ainda mais deixas escapar uns gemidos tímidos.
Beijo-te o sexo...meto-o na boca.
Sei que estás a delirar! Ainda mal recuperaste da sensação da cera e já outra sensação te percorre. Esta mais forte, mais intensa. Sei que gostas e não páro.
"Não quero que te venhas!"
Beijo-te e chupo-te, masturbo-te e cuspo-te o sexo sem te dar descanso, sem que consigas respirar e acalmar! Sei que não aguentas muito quando estou assim louca, tesuda! Sentes os pulsos ficarem libertos e a minha lingua percorrer-te os braços, o pescoço e as orelhas. Lambo-te os lábios e a língua, as minhas unhas rasgam-te o peito...a cera levanta e tu sentes com mais força. Dói! Eu sei que dói e sei que tu gostas que doa...
A minha face colada à tua... o meu gemido ao teu ouvido e sentes-me a escorrer.
"Fode-me!"
Ficas louco quando te digo isto e, num movimento brusco, puxas-me para baixo! Penetras-me... estás todo dentro de mim. Num movimento de vai-vem cada vez mais forte, cada vez mais intenso, é difícil manter o controle... o teu e o meu.
Não me quero controlar, deixo-me levar pela tua foda louca.
Penso "que se foda" os gemidos saem-me da boca mais alto do que é costume. Para ser perfeito, só falta ouvir-te gemer.
Não gemes mas oiço-te dizer "Puta! Vais fazer-me vir antes do tempo!"
Não resisti... tu também não... e deixamo-nos levar num longo e delicioso orgasmo...
"Odeio-te"
"Eu também te amo"
Caio nos teus braços até ser dia...isto é amor!

sexta-feira

Acabou a apatia!

Dei o "grito do Ipiranga".
É hora de voltar à acção e acordar para a vida e para o mundo. Tenho saudades da minha chibata, do meu chicote, do meu poder sobre o outro. O carinho e a atenção que ponho em cada chibatada que dou são, exclusivos para aquela pessoa que está ali...ao meu dispor, à minha mercê, a fazer de tudo para me agradar.
Naquele momentos, somos um só...

Sabe-me bem este sentimento de volta, de garra, de querer agarrar o mundo. Dá-me força para continuar!

quarta-feira

Daniel Beddingfield - If You're Not The One

Foi desta!

Foi desta que te deixei!
Estavas a 2 metros e ali ficaste...e ali fiquei impávida e serena num turbilhão de sentimentos. Vi-te e tu também me viste. O cigarro que, lento, nos beijava os lábios seria a ultima coisa que veríamos um do outro.
Foi desta que te deixei... naquela sexta-feira às 6h da tarde encostado à porta de vidro. Tu estavas lá mas eu já não era eu. Recusei-me a ver-te como o grande amor, não aceito mais ter-te em mim, é masoquismo de mais e eu não gosto de dor. Não gosto da minha dor.
Não gosto de ti! Convenço-me a cada dia que passa dessa verdade inevitável...a que não voltaremos a estar juntos, e é então que tudo se dilui no tempo.
Não quero pensar mais em ti! Não vou pensar mais em ti!
Hoje é o adeus...aquele adeus que devia ter sido dito há muito tempo.
Não te quero em mim...não te quero comigo! Fazes-me mal à mente e ao espírito.
Não te quero...
E num adeus sentido...ouço mais uma vez a música que nos uniu...



sexta-feira

Já as tenho comigo! :0)
Já as tenho há algumas semanas, mas ainda não as experimentei. São lindas! Muito sensuais mas ao mesmo tempo têm um "Q" de inocência que lhes dá um certo glamour...
Já as tenho comigo!
Falta-me só ter com quem as estrear...

Finalmente sexta!

Finalmente é sexta-feira! A semana custou a passar... Entre chuvas e vendavais, os minutos pareciam horas e tu tardavas sempre em chegar. De facto, nunca chegaste...excepto em sonhos. Sonhos estranhos e sem nexo, coisas sem cabimento e difícieis de perceber. Mas isso, pouco importa, o importante e fundamental é que estavas lá. Senti-te, cheirei-te e beijei-te vezes sem fim. Amei-te até ao último segundo antes de partires.
Acredito que também me encontras nos teus sonhos e que também me amas.
Mas o que raio é o amor? Esta coisa sem lógica e sem cabimento...será que é amor o que sinto por ti ou é algo doentio que não me deixa tirar-te do pensamento?
Tantas perguntas numa sexta-feira...isto até faz mal!
O importante é que hoje sigo para casa, ao fim de 2 semanas sem lá meter os pés. :0) O fim-de-semana passa sempre tão rápido, quase não dá para aproveitar nada... bem, mas pouco é sempre melhor que nada! E hoje lá vou eu, depois de quase 5h de viagem, vou chegar a casa e aproveitar cada segundo passado na companhia de quem me é importante e querido.
Tenho fé que me vai sair o euromilhões (que crente sou...) e se sair... Bem, se sair, na segunda-feira volto ao trabalho! :)

quarta-feira

Terça-feira

Ontem não te falei...

Ocupei a cabeça com outras coisas, outros assuntos, outros problemas...mais problemas.
Não é por não te falar que me esqueço de ti...como eu queria esquecer-me de ti! Esquecer que existes, acordar e perceber que tudo foi só e apenas um sonho.
Porque teimas em existir em mim? Porque teimas em passar as mãos pelo meu corpo como quando me possuías no meio da noite, quando o teu corpo quente entrava no meu e o tempo parava enquanto fazíamos amor. Quando fecho os olhos, ainda sinto o teu respirar na minha pele, a tua boca nos meus seios e as tuas mãos...percorrendo cada milímetro do meu corpo como se o mundo fosse acabar. A cama era sempre a nossa ultima opção e a monotonia não existia... foram quantos? 3 quase 4 anos... todos os dias me amavas como se fosse a primeira vez, como se os nossos corpos nunca antes se tivessem encontrado.
Eram tardes, noites loucas de amor e de sexo...e que sexo... maravilhoso sexo...o nosso sexo, o teu sexo!

segunda-feira

Ultimamente ando viciada em cinema... não que vá ao cinema, mas as maravilhas da Internet e os amigos que me vão emprestando os filmes que ainda não vi, fazem com que devore filmes seguidos sem descanso.
Não sou esquisita, tirando os filmes de terror, "papo" tudo. Desde os filmes de animação, aos clássicos, aos dramas que me fazem chorar sem parar até aos históricos, o pc não tem tido folgas.
É incrível com me dei conta da carga emocional dos filmes de animação...se as crianças se apercebessem da carga emocional dessas filmes, fartavam-se de chorar até não terem mais água dentro do corpo.
Só nestes dias, vi o mesmo filme umas três vezes... Lembras-te do "Mar Adentro"?
Não lhe consigo resistir...é daqueles filmes que me deixa de rastos mas ao mesmo tempo com vontade de ver vezes sem conta.
Quando estamos mais deprimidos, parece que estas coisas nos tocam mais fundo. A mensagem entra no íntimo de cada um e é sentida de uma forma estrondosa, quase como se uma bomba explodisse dentro de nós e tudo o que temos reprimido é liberto num mar de lágrimas de soluços. Não se chora tanto o filme ou a história que está a ser contada, mas choramos os nossos medos e receios, as frustrações e desilusões, os momentos felizes e alegres que vivemos com a pessoa especial que, tantas e tantas vezes, nos fez sorrir.
A morte... essa que nos dá um arrepio...aquela de quem fugimos até não termos mais força. Acho que nunca vi ninguém a falar de forma tão natural e tão meiga da morte. Uma morte ligada a um amor...amor pela vida passada, amor pelo que não se pode ter, não se consegue fazer... amor pela utopia que se instala no ser humano, na sua busca por algo mais grandioso que o próprio ser.

O amor...algo maior que a morte, mais profundo do que tudo o que nos possa separar,que nos ultrapassa e nos arrebata. Um amor...retratado num poema de alguém que o viu e sentiu mais além...

Mar Adentro

Mar adentro,
mar adentro.

Y en la ingravidez del fondo
donde se cumplen los sueños
se juntan dos voluntades
para cumplir un deseo.

Un beso enciende la vida
con un relámpago y un trueno
y en una metamorfosis
mi cuerpo no es ya mi cuerpo,
es como penetrar al centro del universo.

El abrazo más pueril
y el más puro de los besos
hasta vernos reducidos
en un único deseo.

Tu mirada y mi mirada
como un eco repitiendo, sin palabras
‘más adentro’, ‘más adentro’
hasta el más allá del todo
por la sangre y por los huesos.

Pero me despierto siempre
y siempre quiero estar muerto,
para seguir con mi boca
enredada en tus cabellos.


domingo

Diário do passado I

Já passaram alguns dias desde que te vi.
Não me sais da cabeça.
Dizem-me que isto são coisas mal resolvidas...Talvez tenham razão. A verdade é que não sei bem o que ando aqui a fazer.
Não fazia ideia que ver-te, ter-te assim tão perto e tão distante fosse mexer comigo da forma que mexeu.
Foi um sentimento estranho. Já te conheço, já me conheces, vivemos tanta coisa juntos e, no entanto, a sensação que tive quando te vi foi inexplicável.
Lembrei-me do nosso primeiro beijo...naquele nascer do dia com a cidade à nossa frente... Lembrei-me da serenata que me fizeste quando me pediste em namoro, das declarações e dos poemas recitados à janela minutos antes de desapareceres no fundo da rua... fomos felizes...fui feliz.
Ver-te tão perto, tão adulto, tão...não sei explicar o que senti...fiquei embriagada com a tua presença, nunca tinha sentido nada assim. E tu sabes que eu quando digo nunca, é porque é mesmo nunca.
Não sei se algum dia estivemos tão perto e, no entanto, tão longe...estavas a dois metros de mim e mesmo assim, estávamos incrivelmente afastados... tínhamos o mundo inteiro entre nós...um abismo intransponível.
Como eu gostava de ter tido a coragem de te falar, agora sei que o fazer seria um acto suicida...não me ia controlar, ia implorar por ti, fazer figura triste em vez de me alegrar com o teu sucesso, com a tua conquista.
Achas que estou a ficar maluca?
Tenho a certeza que, se estiveres a ler isto, vais dizer "Não estás, já o és há muito tempo!"...e é verdade, cada vez mais me convenço disso.

Diário do passado

Depois de ti vieram outros...muitos outros...talvez não tantos quanto isso!
Se foram importantes? Há alguns que me marcaram, mas não pelos motivos que estarás a pensar. Pelas suas atitudes, pelas suas palavras ou até mesmo pela sua forma de estar na vida. Passei muitas noites acompanhada, mais ainda foram as que passei sozinha e, durante muito tempo, não acordei durante a noite. Vivi em "coma" com a tua ausência. Não chorei, não arranquei os cabelos nem desesperei... acho que fiquei em choque desde o dia em que tudo terminou.
Quando soube tudo o que supostamente acontecia nas minhas costas, a raiva cegou-me. Até ao momento da ruptura definitiva, andava movida pela mágoa. Magoar-te tanto como me sentia magoada era o meu "pote de ouro no fim do arco-íris".
Nessas noites também acordava...mas já não me sentia feliz...mas também já acordava sozinha.
Tínhamos mudado de rumo...e nem uma palavra era dita sobre o assunto.

Não sei porque relembro agora tudo isto. Na minha lembrança os teus olhos ficam mais verdes, os tiques acentuam-se, tudo fica mais claro...transparente...mas ainda assim, não consigo ouvir a tua voz, sentir o teu cheiro, saborear o teu beijo.
És como um surdo. Não te oiço falar porque não me ouves, não ouves o que tenho para te dizer.
Porque é que não posso falar com os dois?
Se foram ambos importantes na minha vida, é normal que queira falar com os dois!!!
Tens razão, provavelmente ele não me ia compreender, tal como tu não me ias ouvir. As opções que fizemos gritam mais alto...tão alto que não conseguimos ouvir o que temos para dizer uns aos outros...
Somos iguais...tu e eu!
Tu não me queres ouvir e eu também não tenho interesse em ouvi-lo...a ele que veio depois de ti. Ele e as suas frases feitas, às desculpas que afinal não são desculpas.
Finalmente desprendi-me!!
Dei mais por ele do que dei por nós.
Não sei porque te conto isto, porque falo contigo sobre ele... talvez seja por também ter acordado, por ter olhado para ele enquanto dormia e me sentir feliz.
Mais uma vez, tudo se desmoronou e eu só vi quando já era tarde de mais. O que, ao principio, começou por ser uma "brincadeira" acabou numa separação devastadora.
Agora, passado algum tempo e olhando para o passado, percebo porque nunca daria certo. A cumplicidade nas coisas básicas e simples não existia, era tudo feito no momento e o futuro era uma utopia. Falávamos de coisas... tantas coisas apenas para não ficarmos calados. Ainda dói relembrar como tudo acabou, e os motivos que levaram a tudo ter acabado...tanta coisa sem sentido, sem lógica e sem nexo...

Lembras-te como dormíamos?
Naquela altura não dava muita importância a isso, mas agora parece-me um acto de intimidade e cumplicidade extrema que, tenho a certeza, será difícil encontrar igual.




Para ti...que sei que não me lês

Ás vezes, durante a noite, acordo sozinha nesta cama imensa.
Lembro-me de ti.
Tantas vezes acordei, olhei para o lado e me senti feliz por te ter naquele momento, por desejar que fosse sempre assim... Revivo momentos de fúria, discussões acesas em que a troca de palavras nem sempre era agradável ou a forma como as coisas eram ditas nem sempre era a mais simpática e afável.
Nessas noites também acordava, também olhava para ti e, era nesse momento que me sentia mais agradecida, mais feliz por te ter comigo.
Uma relação, um amor não evolui só com momentos felizes e de carinho... um amor assim é uma fachada para outra coisa qualquer.
O debate de ideias e opiniões, as discussões, os amuos e coisas parecidas, são o sal das relações. Há que ter actividade cerebral, dizer o que nos vai na alma e no pensamento; ouvir coisas que sabemos que nunca ninguém nos diria, ou que nunca aceitaríamos ouvir se viessem da boca de outros. Mesmo assim, no meio de toda a confusão que se gerava à nossa volta, no meio da troca de galhardetes pouco simpáticos e carinhosos, olhava-te... e era naquele curto espaço de tempo (segundos talvez) que me dava conta que te amava.
Para mim o pensamento do amor resume-se a :
"Estás a ser um parvo, mas mesmo assim gosto de ti!"