domingo

Diário do passado I

Já passaram alguns dias desde que te vi.
Não me sais da cabeça.
Dizem-me que isto são coisas mal resolvidas...Talvez tenham razão. A verdade é que não sei bem o que ando aqui a fazer.
Não fazia ideia que ver-te, ter-te assim tão perto e tão distante fosse mexer comigo da forma que mexeu.
Foi um sentimento estranho. Já te conheço, já me conheces, vivemos tanta coisa juntos e, no entanto, a sensação que tive quando te vi foi inexplicável.
Lembrei-me do nosso primeiro beijo...naquele nascer do dia com a cidade à nossa frente... Lembrei-me da serenata que me fizeste quando me pediste em namoro, das declarações e dos poemas recitados à janela minutos antes de desapareceres no fundo da rua... fomos felizes...fui feliz.
Ver-te tão perto, tão adulto, tão...não sei explicar o que senti...fiquei embriagada com a tua presença, nunca tinha sentido nada assim. E tu sabes que eu quando digo nunca, é porque é mesmo nunca.
Não sei se algum dia estivemos tão perto e, no entanto, tão longe...estavas a dois metros de mim e mesmo assim, estávamos incrivelmente afastados... tínhamos o mundo inteiro entre nós...um abismo intransponível.
Como eu gostava de ter tido a coragem de te falar, agora sei que o fazer seria um acto suicida...não me ia controlar, ia implorar por ti, fazer figura triste em vez de me alegrar com o teu sucesso, com a tua conquista.
Achas que estou a ficar maluca?
Tenho a certeza que, se estiveres a ler isto, vais dizer "Não estás, já o és há muito tempo!"...e é verdade, cada vez mais me convenço disso.

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