domingo

Diário do passado

Depois de ti vieram outros...muitos outros...talvez não tantos quanto isso!
Se foram importantes? Há alguns que me marcaram, mas não pelos motivos que estarás a pensar. Pelas suas atitudes, pelas suas palavras ou até mesmo pela sua forma de estar na vida. Passei muitas noites acompanhada, mais ainda foram as que passei sozinha e, durante muito tempo, não acordei durante a noite. Vivi em "coma" com a tua ausência. Não chorei, não arranquei os cabelos nem desesperei... acho que fiquei em choque desde o dia em que tudo terminou.
Quando soube tudo o que supostamente acontecia nas minhas costas, a raiva cegou-me. Até ao momento da ruptura definitiva, andava movida pela mágoa. Magoar-te tanto como me sentia magoada era o meu "pote de ouro no fim do arco-íris".
Nessas noites também acordava...mas já não me sentia feliz...mas também já acordava sozinha.
Tínhamos mudado de rumo...e nem uma palavra era dita sobre o assunto.

Não sei porque relembro agora tudo isto. Na minha lembrança os teus olhos ficam mais verdes, os tiques acentuam-se, tudo fica mais claro...transparente...mas ainda assim, não consigo ouvir a tua voz, sentir o teu cheiro, saborear o teu beijo.
És como um surdo. Não te oiço falar porque não me ouves, não ouves o que tenho para te dizer.
Porque é que não posso falar com os dois?
Se foram ambos importantes na minha vida, é normal que queira falar com os dois!!!
Tens razão, provavelmente ele não me ia compreender, tal como tu não me ias ouvir. As opções que fizemos gritam mais alto...tão alto que não conseguimos ouvir o que temos para dizer uns aos outros...
Somos iguais...tu e eu!
Tu não me queres ouvir e eu também não tenho interesse em ouvi-lo...a ele que veio depois de ti. Ele e as suas frases feitas, às desculpas que afinal não são desculpas.
Finalmente desprendi-me!!
Dei mais por ele do que dei por nós.
Não sei porque te conto isto, porque falo contigo sobre ele... talvez seja por também ter acordado, por ter olhado para ele enquanto dormia e me sentir feliz.
Mais uma vez, tudo se desmoronou e eu só vi quando já era tarde de mais. O que, ao principio, começou por ser uma "brincadeira" acabou numa separação devastadora.
Agora, passado algum tempo e olhando para o passado, percebo porque nunca daria certo. A cumplicidade nas coisas básicas e simples não existia, era tudo feito no momento e o futuro era uma utopia. Falávamos de coisas... tantas coisas apenas para não ficarmos calados. Ainda dói relembrar como tudo acabou, e os motivos que levaram a tudo ter acabado...tanta coisa sem sentido, sem lógica e sem nexo...

Lembras-te como dormíamos?
Naquela altura não dava muita importância a isso, mas agora parece-me um acto de intimidade e cumplicidade extrema que, tenho a certeza, será difícil encontrar igual.




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