terça-feira

Gostei

Não ando com disposição para essas coisas...tenho a cabeça ocupada de mais com outras coisas mais importantes,coisas que me consomem a mente e a alma, que me desgastam e me deixam sem forças para tudo o resto.

Estava de cabeça baixa, as mãos apoiavam-me o queixo e o olhar perdido no horizonte fizeram-te perceber que estava longe...muito longe daquela praia. O som das ondas ecoava na praia vazia, meia dúzia de gaivotas deixavam marcas das suas patinhas na areia húmida e eu olhava... o tempo passava lento e eu não voltava.
Quando se está longe não se dá pelo tempo a passar...é uma realidade que não tem tempo, não tem espaço. Só caibo eu dentro dela, tens que esperar por mim cá fora...as relações são assim e as pessoas também.
Voltei... reparaste que voltei quando te passei a mão no cabelo e os teus olhos sorriram de contentamento por me teres de novo. Entrelacei os meus dedos nos teus e afaguei a minha cara no teu pescoço. O teu cheiro inebria-me, hipnotiza-me, desperta em mim o lado selvagem que tantas vezes escondo. Inspiro profundamente e tento acalmar-me.
A praia continua deserta.
"Espera, não saias daqui. São só 2 minutos e eu volto já."

Agarrei-te no braço, obriguei-te a levantar e a seguir-me. Não tinhas outro remédio! Sem perceber o que estava a acontecer, seguiste-me sem fazer perguntas. Andamos uns metros e a praia continuava deserta, cada vez mais silenciosa e envolvente. Aquele fim de tarde de inverno estava mesmo propício à entrega espiritual de dois amantes.
Estendi a manta na areia húmida e entreguei-me a ti, em toda a essência do meu ser...

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